Um texto da editora sobre o livro Ô FIM DO CEM, FIM...
Ô SALINENSE
Publicado em 9 de abril de 2012.
Ele é talentoso. Autor de uma obra caprichosamente manuscrita e ilustrada, intrigante na forma e no conteúdo. Sua história de vida é também insólita, agruras familiares que não arrefeceram seu esforço para compreender o pensamento e o mundo. Ele exerce fascínio sobre a minha família salinense, desde que o conhecemos. Encantamento que domina hoje uma legião de fãs - intelectuais, artistas, formadores de opinião, apaixonados pelo diferente.
Falo de Paulo Marques de Oliveira (Pedro Paulo) autor do livro Ô FIM DO CEM, FIM... que a Benvinda Editora (www.benvindaeditora.com) orgulhosamente teve a ousadia de produzir e de lançar. Valorizar e respeitar o livro do Pedro Paulo - tal qual concebido por ele - confirma princípios que essa editora apregoa desde início.
No entanto, tem sido recorrente o questionamento se não nos incomoda o fato de os textos apresentarem “erros de Português”. Ora, a escrita em desconformidade com o registro padrão incomoda quando se percebe que faltou cuidado ou capricho ao escritor, ou seja, quando o erro gramatical aconteceu por desleixo de quem, tendo os meios de acesso à informação, deixou de aproveitá-los. No caso da obra de Pedro Paulo, o que está em primeiro plano é, ao contrário, o esforço heroico que esse homem, com instrução precária, empreendeu para registrar e divulgar suas ideias. Muitos, diante de tal dificuldade, teriam simplesmente desistido. Vemos, portanto, que pequena familiaridade com a gramática normativa não tolheu a sua criatividade.
Não estou fazendo, em hipótese alguma, a defesa da escrita alheia aos padrões cultos, porque essa é uma variante linguística importante, com cadeira cativa na literatura documental, jornalística e literária. Só quero ressaltar que, mesmo na falta dela, é possível navegar pelos mares da escrita, seja fazendo arte seja produzindo saberes.
Esqueça a norma culta com sua gramática e ortografia e entregue-se aos escritos de Pedro Paulo como a mesma entrega de quando se lê um poema. Um poema que emerge do imaginário de um homem simples e sem instrução formal e que, graças a sua mente inquieta, é capaz de ver o mundo de uma maneira particular, conceber e significar a própria existência.
Há, no livro, textos engraçados, tristes, curiosos, intrigantes que serão lidos e percebidos pelo leitor a seu modo. Pedro Paulo teoriza sobre tudo – do universo à formiga - a partir de hipótese espontâneas, porém de maneira muito circunspeta , mas às vezes tenho a impressão de que ele está sendo muito irônico, com essa gravidade inclusive. Acho tudo isso genial!
Esse pensador original que se intitula astrofísico, teólogo, cientista e prefulgenciado me enche de orgulhoso de ser salinense. Viva!
Marina Acúrcio