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AMORDAÇA


Amordaça está catalogado na estante como um livro de poemas e de minicontos. No entanto, a obra surpreende ao permitir que o leitor construa uma narrativa maior, porventura linear, a partir

de textos em versos e histórias curtas aparentemente desatados.

A sensação “matrioskal” - pequenas partes que se juntam para criar camadas de novos sentidos - pode evocar também a dinâmica de quebra-cabeça e remeter o leitor ao universo da literatura infantojuvenil. Mas não se engane: aqui, as histórias infantis são de ninar gente grande. Logo nas primeiras páginas, revela-se o tom adulto deste livro, particularmente no ímpeto de escancarar desejos dos personagens. Sim, há personagens.

Na primeira parte está ELA: criativa, histérica, curiosa, libertina e resiliente. Em seguida, somos apresentados a ELE: apaixonado, sensível (com um quê de paranoico), egocêntrico e boêmio. Já ELES - elos, laços e nós - conversam, dialogam, fundem-se, abarcando relacionamentos, desejos (os contidos e os inconstantes), intimidades e intervalos de cada um. Entre ELES quase não há meios-termos - conversam aos berros ou sussurram. Ora no ouvido, ora no coração.

Um livro de personagens com almas “desamordaçadas”. Doce e obsceno.

De tão breve, quer-se mais; de tão profundo, teme-se não suportar mais nada.

A autora


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